Eleições - Um papo no terminal




Ontem estava no terminal colônia, esperando o ônibus da linha 553, quando chegaram até perto de mim, três moças. O papo delas era um biótipo pop funk, onde falavam que estavam trabalhando nas eleições e que fariam um pico para um candidato a deputado federal. Tentei dar uma de “fifi”, escutando a conversa alheia. Elas diziam que iriam votar neste candidato por causa dos trocados que recebera para ficaram nos semáforos da avenida Jundiaí, com a foto feito bandeira do pseudo deputado federal. O papo das meninas era uma mistura de capitalismo selvagem, com um brilho hollywoodiano tupiniquim – “vou comprar um cd da Tati quebra barraco”, a outra dizia: vou comprar uma calça jeans com a cintura bem baixa, para dançar funk, bem loco” Pensei... só falta dizer que vão votar no papai Noel! e não é que a terceira disse que faria pior, ela compraria um cigarro de maconha, e mais cigarros e depois ela e seu namorado beberiam até cair. O engraçado que as moças não tinham nenhum censo político desenvolvido, pois, para elas as eleições era a forma de ganhar um dinheiro extra, já que ambas estavam desempregadas.
Daí veio em mim um vazio e uma crise de consciência, que me fez relembrar como era bons viver no final dos anos oitenta, e começo dos anos noventa.Tínhamos um ideal! Votar pela primeira vez para eleger nosso presidente. Lula era o radical comunista junto com um monte de ex–exilados querendo ser presidente; Colllor o galã político, representante das oligarquias do nordeste, que demonstrava ser nosso herói em defesa dos oprimidos, mas nesta época tínhamos uma responsabilidade de votar certo, contudo, a história disse: o nosso voto foi errado. A juventude tinha uma ideologia herdada de seus pais, que vivera os anos sessenta e setenta. Era de praxe no ensino familiar o incentivo de votar certo no candidato honesto, pois a arma do povo era o voto.
Ouvindo aquele papo de ponto de ônibus, senti que para a maioria dos brasileiros, votar é mais por obrigação, do que por direito. O voto também se tornou de “mercado”, pois o individuo vota naquele que lhe enche a barriga, que lhe dá conforto, mesmo que seja somente nas eleições. O voto tem um novo tom de ser, de pão que lhe dou o poder! O principal instrumento democrático do povo brasileiro virou barganha e escambo, para matar a fome. Daí nós intelectuais queremos crucificar o simples pai de família que poderá vender seu voto em troca de uma cesta básica para saciar a dor de barriga de seu filho. Na verdade, tanto nós profissionais liberais como empresários, comunicadores e professores, somos culpados por tudo que esta acontecendo com a política brasileira. Pois deixamos morrer nosso ideal de pátria, e quando morre o nosso ideal morre também nossos sonhos e anseios. Por isso! Vote certo, analise, anote o nome dos candidatos por quatro anos, para cobrar deles quando chegar à hora...
Fernando Augusto Bento
Jornalista

Comentários

Postar um comentário

DE SUA OPINIÃO!